segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Cartola constatava: "os habitantes da Mangueira são tão pobres que eles só têm o sol como teto"

Estamos perdendo pouco a pouco a noção de limites, do real e da natural utopia de propósitos.
Estamos perdendo batalhas em campos que nos movimentávamos bem: COMUNICAÇÃO. Desatentos, deixamos um general retirar a transparência das contas por (in)segurança nacional, sinalizando o medíocre sigilo que ronda nos cercados dos eternos herdeiros malditos. A simples manifestação do presidente da câmara, dep. Arlindo sinalizando a intenção de colocar em projetos de leis que obriguem a todas as instâncias dos três poderes a disponibilizarem seus dados de execução orçamentária, inibiu maiores perguntas.
Temos um Rio de Janeiro tomado pelo banditismo mais primitivo.
Acomodamos a pobreza em nossas próprias calçadas, esquecendo um bicheiro amparado pela Guarda Municipal do município da escola vencedora.
Esquecemos da promovida juiza baiana ligada ao tráfico.
Ampara-se o crime por menor que seja, para dar sustentação a tantas "artimanhas republicanas" que o democrata mais conservador veste naturalmente a fantasia de radical. O mais radical entre todos os moderados defensores do autoritarismo passado e presente.
Saudades do poeta Cartola, embora os cartolas permaneçam com o mesmo poder da época da Ditadura.
Saudades da verde e rosa que resolveu atrelar-se ao tráfico e inspirou uma oportuna saída "honrosa" da Beth Carvalho.
Este foi mais um carnaval da rua, de rua, na rua, com o pingos frios do meio ambiente, mesmo que entre queimadas assustadoras daquele agro-negócio efervescente. As cômicas chuvas encomendadas, uma vez mais erraram na dose e causaram tragédias estatísticas para os frios estrategistas. O estranho clima ninguém questionou, mas continuamos permitindo o velho hábito de ocupar espaços sem o necessário planejamento de longo prazo e alguma mudança no conceito da matriz energética brasileira.

Assim por aqui cresce um movimento que redefine o vencimento de um tributo para novembro deste ano. Mais uma constatação do meu conservadorismo patente, já que tinha sugerido o pagamento em juízo, procurando amparar pensionistas e aposentados no inicio do ano passado. Retoma-se assim um movimento comunitário amparado por propostas com um grau de radicalidade superior à sua capacidade de exercitar seu poder político, relativizado por preconceituosas relações sociais e garantias financeiras de uma elite sem maiores projetos estruturais. O apoio à causa pelo maior devedor (R$ 80.000.000,00) do dito tributo, o JB, é ilustrativo.
Vivemos em uma cidade que já foi palco dos maiores atentados à democracia.
Por aqui circularam os agiotas que financiaram a tortura; instalaram-se as seguradoras que rotineiramente corromperam policias e delegados nas décadas de 80 e 90; circulam táxis de empresas concessionárias do município que não recolhem nenhum tributo ao estado, mas beneficiam-se de subsídios ou isenções de impostos federais e estaduais na compra dos veículos. Estas mesmas empresas mantém seus motoristas em regime de trabalho escravo, já que estes são obrigados à pagar de segunda a sábado uma diária de R$ 90,00 a R$ 150,00, sem contar com as cotas mínimas de consumo de gás e gasolina dos postos internos. Estamos falando de um faturamento diário de R$ 450.000,00 se considerada uma frota de 3000 veículos (11,25 milhões mensais ou 135 milhões anuais, livres de impostos e uma lavanderia digna do tráfico). Táxis, cuja autonomia vale até R$ 70.000,00 no mercado paralelo amparado pela secretaria de transportes do município, sem que nenhum ilustre vereador o questione ou solicite informações sobre o sistema de cadastramento das empresas, permissionários e auxiliares. Imprensa e Tribunais de Contas (ou seria, Contos) silenciam com a naturalidade como cobram de alguns a impessoalidade dos gastos de cartões corporativos.
Por falar em silêncio, busco alguma justificativa para a saída da Ministra da Integração Racial e verifico uma nota da reunião do PT do Rio para debater a indicação também silenciosa da substituta. Se de fato utilizou o cartão como uma simples valeriana, o silêncio justificaria qualquer pecado cristão. O mesmo que inibe a pesquisa das células tronco. Inibe a reforma tributaria. Inibe a reforma política. Inibe a própria democratização da democracia ou da lenta transição.
E assim continua a banalidade do tucademo, já que não podemos chamar a isto de humanidade democrática.





Faturamento
Diaria Veiculos Diario Mensal Anual
90,00 30.000 2.700.000,00 67.500.000,00 810.000.000,00
150,00 30.000 4.500.000,00 112.500.000,00 1.350.000.000,00
90,00 3.000 270.000,00 6.750.000,00 81.000.000,00
150,00 3.000 450.000,00 11.250.000,00 135.000.000,00
90,00 300 27.000,00 675.000,00 8.100.000,00
150,00 300 45.000,00 1.125.000,00 13.500.000,00
90,00 30 2.700,00 67.500,00 810.000,00
150,00 30 4.500,00 112.500,00 1.350.000,00
90,00 15 1.350,00 33.750,00 405.000,00
150,00 15 2.250,00 56.250,00 675.000,00
90,00 10 900,00 22.500,00 270.000,00
150,00 10 1.500,00 37.500,00 450.000,00
90,00 5 450,00 11.250,00 135.000,00
150,00 5 750,00 18.750,00 225.000,00
90,00 4 360,00 9.000,00 108.000,00
150,00 3 450,00 11.250,00 135.000,00